O
capitalismo tem atraído financiamentos, ilusões de riqueza e
felicidade, montanhas de dinheiro acumuladas nas mãos de poucos
invisíveis, dor e precariedade na vida e nas pernas de outros invisíveis
... muitos ... cada vez mais. O capitalismo nos deslumbrou com grandes
shows, com o ritmo circense do entretenimento a todo o custo, o que não
diverte mais ninguém, a menos que não se finge descaradamente. O
capitalismo nos enganou com uma abundância de shoppings, centros
comerciais, com o desejo de possuir, de aparecer, para perder
inexoravelmente o nosso ser. Depois ele nos oprimiu, na verdade tem
oprimido desde o começo, mas percebemos isso tarde, e perdidos no
turbilhão das ficções, muitas vezes fingimos que não seja assim. As
manifestações no Brasil estão levando milhões de pessoas nas ruas e nas
praças. Atenção: o Brasil não está em crise econômica, mas em fase
crescente. O que é crescimento? Crescimento do capital, de especulação
financeira, de grandes investimentos que irresponsavelmente deixam de
fora áreas públicas: educação, hospitais, trabalho, transporte. Ou
melhor, essas áreas são vendidas gradualmente para os interesses do
capital que, sem escrúpulos, quer engolir tudo para engordar mais e mais
lucro. Quem somos nós? Professores, estudantes, trabalhadores? Quem
somos nós ... que confluímos e nos encontramos nas ruas das principais
cidades para manifestar sem partido, sem bandeiras, sem siglas? Aquilo
que o capitalismo não conseguiu engolir. Ou melhor, algo que não
digeriu: a solidariedade, a felicidade, a humanidade, a esperança, o
desejo de mudança, a intolerância com a proliferação de bancos, a
insustentabilidade do "cheiro" dos fast-food. Ele não digeriu ...,
sentado em seu comando sofá-cama mandando que as emissoras de televisão
transmitam apenas os confrontos com a polícia "foquem as câmeras na
fumaça, nas “bombas morais”, nas uniformes da polícia, colocá-los lá
como peões para uma tabuleiro e depois lancem a jogada vencedora ... que
è o choque. Mas, narrem isso com efeitos especiais para que as pessoas
fiquem coladas nas telas da televisão. Insiram vozes preocupadas,
assustadas e ansiosas para contar cada pequeno movimento deste
confronto: sim ... um comentário ... como se fosse um jogo de futebol,
uma final da Copa do Mundo ... quem avança e quem se retira, o atacante e
o defensor. Reduzimos tudo a um conflito de fumaça, sensacional entre
pessoas com e sem uniforme ... manequins! " Sim ... mas as pessoas não
pararam ... manequins não somos mais ... não seremos mais. Desta vez as
pessoas continuaram a ir para as ruas, para cantar, para olhar-se nos
olhos e olhar nos olhos a intolerância com um sistema que nos não faz
felizes, para olhar nos olhos de uma esperança comum, de futuro, de
felicidade e de solidariedade. As pessoas se multiplicaram e abandonaram
os próprios sofás. A população brasileira que, muitas vazes sofreu
controle social através duma das suas maiores paixões ... o futebol,
está olhando o futebol de maneira diferente, não só diversão e
espetáculo, mas também risco de especulação, desperdício, interesses. Do
Brasil e da Turquia, dois países em "crescimento econômico", provêm os
ventos da protesta, porque esse crescimento gera insatisfação,
frustração: assim não cresce a cultura, não cresce a solidariedade, e
não cresce nossa condição humana.
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